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OPINIÃO: O futebol é um jogo irônico e cíclico

João Bosco Neto analisa o resultado final do Fortaleza vice-campeão da Sul-Americana e como pensar a equipe para os novos desafios.

Reprodução: @FortalezaEC

Para alguns a ficha caiu, para outros, demorando a passar. O Fortaleza volta para o Brasil de mãos abanando, por culpa de alguns, e talvez o maior culpado tenha sido a LDU, que é um time mais cascudo e com um treinador melhor.


Enquanto o excelente Luis Zubeldia encaixotou o Fortaleza, não deixou três de seus melhores jogadores jogarem, leu bem a alteração que precisava fazer após a lesão de Ibarra, não se abateu após o gol e segurou seus batedores de pênalti na prorrogação e foi coroado com o titulo.


O também jovem Juan Pablo Vojvoda fez uma partida ruim, leu mal, não conseguiu sair do nó tático do time adversário, suas alterações não surtiram o menor efeito e para piorar, tirou o seu batedor de pênaltis titular. Uma derrota sentida, mas evitável.


Como o futebol é irônico, talvez os principais culpados pela derrota sejam os principais motivos pela ida a final.


A excelente administração, que pinçou Vojvoda, Lucero, Tinga, e alguns outros nomes importantes, foi arrogante ao achar que ainda havia espaço para Silvio Romero, que o Guilherme teria nível técnico de jogar competições de tão alto nível, que Imanol Machuca valia 14 milhões de reais e não soube fazer scout de zagueiro o ano todo.


É claro que com Calebe e Pedro Rocha saudáveis, as coisas seriam bem diferentes, mas, seria bom ter outro meia no banco, ou um ponta que não tivesse sido reserva em uma Série B como titular.


O time ainda se mostra deficiente em alguns setores. As entradas de um inativo Thiago Galhardo, um discretíssimo Pedro Augusto e o bom Lucas Sasha mostram que a montagem desse elenco possa ter sido equivocada.


Fora isso, a inaptidão para criar pelo meio é algo que Vojvoda precisa corrigir urgentemente. O time jogou apenas pelo lado direito, já que o meio inexistiu e a esquerda era prejudicada pela falta de bons jogadores, aliada a uma excelente partida de José Quintero.


Muitas criticas virão ao Bruno Pacheco, que sofreu uma falta e demorou a se recompor, mas nada será dito sobre o midiático Caio Alexandre que deixou Azulgaray livre para chutar. O mundo caiu sobre o destro Pedro Augusto, que bateu com a esquerda, mas nada acontece com o bonitão Brítez, que perdeu o pênalti alternado.


Apontar culpados é algo errado, mas o torcedor é passional e vai afogar suas mágoas em qualquer lugar, mesmo que muitas vezes escondendo os reais culpados por idolatria pessoal.


Alguns dados importantes: O Fortaleza não vence um título em pênaltis há 13 anos, não vence uma disputa de pênaltis há 3 anos, o Romero jamais acertou pênalti com a camisa do Fortaleza, a última vez que o Fortaleza tirou seu batedor no jogo, foi eliminado.


Essa série de fatores contribuiu para a derrota. Falta casca, o leão é um bom time, organizado, trabalha bem, mas existem coisas que só o tempo e muita luta vão conseguir trazer.


Até por isso, não considero Vojvoda no mesmo patamar de Abel ou Dorival, pois esses dois tem casca, rodagem, experiência, coisas que não são compradas, são adquiridas, e não só um dia o Fortaleza terá essa casca, como o "El Profe" também.


O Leão foi aguerrido, guerreiro, lutou até onde deu e orgulha seu torcedor. Autocrítica, cobrança e correção de erros pontuais são a chave para que da próxima vez que o Fortaleza se posicione tão bem, ele tenha sucesso.


As belas palavras de Marcelo Paz sobre a campanha e sobre o horizonte do clube me tocaram e endossaram meu texto. Tenho muitas críticas não porque não gosto do trabalho, e sim porque gosto tanto que quero que ele melhore ainda mais.


O Fortaleza nos ensinou a fazer muito com pouco. De um time que tinha 10% da folha do Flamengo para o time que foi a duas Libertadores. Do time que era o simpático para o competitivo. Do time que tinha que se contentar com refugo para o time que tem um elenco bastante competitivo.


Mudei de opinião várias vezes enquanto escrevia isso, mas, estou satisfeito com o resultado. Estar satisfeito não é necessariamente estar conformado com a situação, mas sim, otimista com o que virá.


Um leão ferido não é um leão abatido. O Fortaleza voltará, mais velho, mais experiente, mais cascudo, maior, mais forte, e assim, os quases se tornarão uma certeza e as boas campanhas se tornarão taças.


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