Reprodução: @FortalezaEC
A Argentina é um dos países que mais preserva o "verdadeiro futebol." Com seus técnicos modernos e ofensivos, se consolida como uma das maiores e melhores escolas de treinadores do mundo, tendo revelado: Carlos Billardo, Marcelo Bielsa, Tata Martino, José Pekerman, Alejando Sabella, Carlos Bianchi, Mauricio Pochettino entre outros.
Além da enorme escola de técnicos, o país da albiceleste também é craque em criar craques, principalmente quando falamos do tão famoso: Meia camisa 10. Juan Román Riquelme, Andrés D'Alessandro, Pablo Aimar, Ariel Ortega, Marcelo Gallardo entre outros nomes que marcaram os anos 90 e 2000.
A fama de maquina criadora de meio campistas se espalhou pelo mundo, onde clubes dos quatro cantos do planeta buscam no futebol argentino os cerebrais ditadores de ritmo, e passadores abeis, e no mais "hermano" dos clubes brasileiros, não foi diferente.
Tomás Pochettino, uma das contratações mais badaladas da capital Cearense. Vindo com a pompa de ser um ex-River Plate e ter feito parte do bom Talleres de Juan Vojvoda, o meia chegou para superar os traumas da torcida tricolor, que sofreu algumas temporadas sem um "pensador" de confiança, tendo que aguentar os pouco confiáveis: Mariano Vázquez, Matheus Vargas, João Paulo, Lucas Lima e em alguns momentos Lucas Crispim.
Na questão técnica, Poche é um jogador amplamente superior a todos os listados, mas, assim como a maioria dos grandes meias argentinos ele sofre com o mal da inconstância e do desligamento em grande parte do jogo.
Característico dos compatriotas, a irregularidade e o "sono" em dados momentos, e até mesmo partidas, o paradoxo do meia argentino é algo real e que intriga torcedores. Pois, hora você tem um jogador altamente decisivo, com qualidade de passe e finalização, outra um peso em campo, uma soma, um número fazendo figuração em meio outros 21 atletas.
As recentes atuações, provam que o talento pode ser rapidamente ofuscado por falta de ímpeto e firmeza dentro da partida, ofuscam o melhor dos jogadores, sem ao menos precisar de um bom marcador.
A ausência de dinamismo, diminuiu a paciência do torcedor para quase zero, e com exceção de um gol contra o América-MG, as atuações do meia desde o grande jogo contra o San Lorenzo, são apagadas, pouco influentes no jogo, e que mais lembram os tempos de Matheus Vargas.
Se adaptar ao futebol brasileiro não deve ser o problema, já que além de ter trabalhado com Vojvoda, também apresentou os mesmos problemas no River e no Austin, mostrando que o real conflito fica entre: Um eterno marasmo causado por falta de personalidade, ou uma dificuldade surreal de sair da sua zona de conforto.
A falta de personalidade, aliada a jogar um futebol mais rápido, intenso, e físico, podem atrapalhar o desempenho do meia, que já provou qualidade, mas também deixou o time na mão diversas vezes.
Saber que você é um bom jogador facilita sua vida, mas se não souber dosar isso, acaba te transformando em um atleta preguiçoso e pouquíssimo influente. Não que Tomás ande em campo, longe disso, mas, as vezes passa a impressão de que ele é um atleta incapaz de criar os próprios espaços, necessitando de campo aberto e a bola no pé para ser minimamente útil.
Assim como Fernando Diniz fez com Ganso, Vojvoda precisa além de ter uma conversa franca com Pochettino, para que o mesmo se convença do projeto, tirar o atleta do seu marasmo habitual, e achar uma posição/esquema tático, que o torne útil, constante, e funcional dentro do Fortaleza.
Apesar de impaciente, a torcida do Fortaleza tem um voto de confiança a mais em Poche, devido ao seu passado no futebol argentino, basta apenas o atleta agarrar essa oportunidade com unhas e dentes, e se tornar o jogador imprescindível que todos esperam dele.
*As opiniões aqui emitidas são de total responsabilidade dos seus autores, e não necessariamente refletem a opinião do Dimensão Esportiva.
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